5 tipos de histórias infantis para cada idade

As histórias são viagens que fazemos sem precisar sair do lugar. São, ao mesmo tempo, momentos de entretenimento e conhecimento. Uma criança, que ouve ou lê uma história, desenvolve a capacidade de imaginar cenários, falas e movimentos dos personagens. Porém, cada faixa etária tem estilos e necessidades específicas a serem consideradas no momento da escolha de uma história.

É preciso compreender o mundo das crianças e conhecer os tipos de histórias infantis adequados para cada idade, pois, nesse caso, escolher bem é ter a certeza de possibilitar à criança conhecer um mundo que realmente faça diferença para o seu desenvolvimento. Para te ajudar, neste post, apresentaremos um rol de histórias infantis segmentadas por faixa etária.

1. Até os 3 anos: de simples gravuras a pequenas fábulas 

A partir de um ano e meio, as histórias infantis começam a fazer parte do universo da criança, mas, mesmo antes disso, já é possível mostrar alguma gravura com imagens de bichinhos e desenhos criativos. Ela aprenderá a nomear os objetos e começará a se adaptar com o ambiente de leitura e de transmissão de histórias. Aqui, a criatividade da mãe é importante na hora de contar uma história simples, mas que complete o sentido da gravura que o pequenino está vendo. 

A partir de um ano e meio até os três anos de idade, as histórias infantis devem ser curtas e contar com uma descrição detalhada do enredo. Repita as falas, os personagens, os elementos de causa e ressalte o humor e o mistério. Dê preferência para as fábulas, pois ajudam a prender a atenção da criança com as pequenas falas de bichinhos e outros seres. 

2. De 3 a 5 anos: fábulas com roteiros mais definidos

As crianças dessa faixa etária continuam gostando de fábulas, As obras dos irmãos Grimm, por exemplo, são uma boa dica. Trazem animais, plantas e outros seres inanimados falando na história, mas o enredo já é mais definido, ou seja, possui começo, meio e fim, o que já começa a fazer sentido para esse público. Além disso, os contos de fadas costumam ser lembrados por muito tempo, inclusive quando nos tornamos adultos.

3. De 5 a 7 anos: textos mais próximos da realidade do leitor

As fábulas ainda são bem-aceitas nessa fase. Talvez nunca deixem de ser. Contudo, a dica é dar um próximo passo, escolhendo enredos com ambientes e realidades mais conhecidos pela criança: como escola, a casa, o sítio, a praia, familiares e amigos, entre outros. Revistas em quadrinhos e pequenas histórias de aventuras costumam ser bem atrativos nessa época e já é possível estimular a criança a ler sozinha, com acompanhamento, claro. 

4. De 7 a 9 anos: imaginação sem fronteiras

Essa é uma fase em que a imaginação vai mais além: os sonhos de criança se desdobram e começa a busca por algo grandioso. Fantasias e invenções estão na tônica do tipo de história infantil que prende a atenção da criança dessa faixa etária. Monteiro Lobato, Ziraldo, Mário Quintana e Pedro Bandeira são apenas alguns autores capazes de explorar esse lado imaginativo das crianças. 

5. De 9 a 12 anos: mix de imaginação e realidade

As fantasias continuam em alta nessa fase de pré-adolescência, mas já se misturam com as histórias reais e de ficção científica. Livros de contos e crônicas devem ser incentivados. Que tal oferecer ao seu filho a oportunidade de explorar novos enredos e histórias de viagens, mitologia, lendas e humor. Vale muito a pena incentivá-lo a conhecer histórias reais de invenção, perpetuadas ao longo dos anos. 

As histórias infantis são o ponto de partida para estimular a imaginação, o desenvolvimento pessoal e a intelectualidade das pessoas. Algumas, como as fábulas, trazem uma lição moral. Cabe aos pais oferecer a oportunidade desse contato que, vale a pena reforçar, pode acontecer por meio de gravuras, livros e, especialmente nos primeiros anos da criança, através da contação de histórias.

Gostou do post? Tem alguma dúvida ou sugestão sobre histórias infantis? Compartilhe seus comentários aqui e ajude-nos a enriquecer o mundo da criançada. 

A Rainha das Abelhas [ Irmãos Grimm]

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[ Conto de autoria dos irmãos Grimm, traduzido do original por Ruth Salles ]

 

Certa vez, dois filhos de rei saíram em busca de aventuras e se entregaram a uma vida tão desregrada e dissoluta que nem se lembravam de voltar para casa. O mais moço, que era chamado de Bobo, saiu à procura de seus irmãos; quando finalmente os achou, só ouviu caçoadas, porque, sendo tão ingênuo, pensava em vencer na vida, enquanto eles, muito mais espertos, não tinham conseguido.

    Os três puseram-se a caminho juntos e chegaram a um formigueiro. Os dois mais velhos quiseram remexer nele para ver as formigas fugirem alvoroçadas carregando os próprios ovos, mas o Bobo lhes disse:
    – Deixem os bichinhos em paz, eu não suporto que vocês lhes façam mal.
    Então eles continuaram andando e chegaram a um lago onde nadavam muitos, muitos patos. Os dois irmãos queriam pegar alguns para assar, mas o Bobo não consentiu e disse:
    – Deixem os bichinhos em paz, eu não suporto que eles sejam mortos.
    Por fim, chegaram a uma colméia, onde havia tanto mel que escorria pelo tronco da árvore. Os dois quiseram acender fogo embaixo para sufocar as abelhas e poder tirar o mel. O Bobo tornou a impedir, dizendo:
    – Deixem os bichinhos em paz, eu não suporto que eles sejam queimados.
    Afinal, os três irmãos chegaram a um castelo. Nas cavalariças havia cavalos de pedra, e não aparecia pessoa alguma. Eles passaram por todas as salas até que, no fim, encontraram uma porta com três fechaduras. No meio da porta havia, porém, um buraquinho por onde se podia espiar o aposento. Viram lá dentro um homenzinho grisalho, sentado diante de uma mesa. Eles o chamaram uma, duas vezes, mas o homenzinho não ouviu. Quando o chamaram pela terceira vez, ele se levantou, abriu as fechaduras e saiu. Não disse uma palavra, mas os levou a uma mesa ricamente preparada. Tendo os três comido e bebido, ele conduziu cada um a seu quarto de dormir.

    Na manhã seguinte, o homenzinho grisalho chegou-se para o mais velho, acenou chamando-o e o guiou até uma placa, onde estavam escritas três tarefas que poderiam desencantar o castelo. A primeira dizia que no bosque, debaixo do musgo, estavam as pérolas da filha do rei, em número de mil, que precisariam ser catadas; e, ao pôr-do-sol, se ainda faltasse só uma, a pessoa que as procurava se transformaria em pedra. O mais velho foi e procurou o dia inteiro. Como, porém, o dia chegou ao fim e ele tinha achado só cem pérolas, aconteceu o que estava escrito na placa, e ele se transformou em pedra. No outro dia, o segundo irmão assumiu a tarefa, mas não se saiu melhor que o mais velho, pois só achou duzentas pérolas e ficou transformado em pedra. Por fim chegou a vez do Bobo, que procurou no musgo; mas era tão difícil encontrar as pérolas e demorava tanto, que ele se sentou numa pedra e chorou. Nisto, apareceu o rei das formigas, cuja vida ele salvara. Vinha acompanhado de cinco mil formigas. Não demorou muito, e os bichinhos acharam todas as pérolas e as amontoaram ali. Mas a segunda tarefa era ir pegar, no fundo do lago, a chave do quarto da filha do rei. Quando o Bobo chegou ao lago, vieram nadando os patos que ele uma vez salvara, mergulharam e pegaram a chave lá no fundo. A terceira tarefa era a mais difícil, pois das três filhas de rei que estavam dormindo ele devia escolher a melhor. Elas eram, porém, completamente iguais, não tendo nada que as distinguisse uma da outra, a não ser por terem comido, antes de dormir, três doces diferentes: a mais velha, um torrão de açúcar; a segunda, um pouco de melado; a mais moça, uma colherada de mel. Então chegou a rainha das abelhas, que o Bobo havia protegido do fogo, e foi provando da boca de todas três; por fim ficou pousada na boca da que havia comido mel, e assim o Bobo reconheceu qual era a filha de rei certa. Com isso, o feitiço se desfez, tudo no castelo despertou daquele sono, e quem tinha virado pedra retomou sua forma. O Bobo se casou com a mais jovem e melhor filha do rei e, depois que o pai dela morreu, ele ficou sendo o rei; seus irmãos, porém, casaram-se com as outras duas irmãs.

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Dedique sempre que possível alguns minutos para contar histórias antes de dormir.
Descubra aqui a importância delas na infância!